Sorvete? Nem pensar. O cafezinho depois do almoço também não. Refrigerante geladinho? Não mesmo. Também nada de chocolate ou brigadeiro na sobremesa. O que parece uma dieta para perder peso na verdade são apenas situações comuns que pessoas com dentes sensíveis vivem diariamente. Quem tem o problema tende a evitar alimentos com uma destas características: gelado, quente ou doce.
O Dr. Eduardo Nakanishi é especialista no tema da sensibilidade dentária e explica os principais motivos que levam a ter dentes sensíveis: “a sensibilidade dentária costuma estar ligada não apenas a problemas de desgaste do esmalte dos dentes, mas a problemas na gengiva. Uma das doenças bucais mais comuns é a gengivite, que acontece quando as gengivas inflamam, devido ao acúmulo de placas dentais que não são retiradas durante a escovação e o uso do fio dental. Se não tratada tende a evoluir para a periodontite, implicando a perda dos tecidos de suporte dos dentes e consequente retração gengival, e então em alguns casos de retração gengival surge o problema dos dentes sensíveis, porque a gengiva se retrai de tal maneira que deixa a raiz do dente exposta, que atrapalha na hora de comer ou de tomar algum líquido muito gelado”.
Para entender melhor o que causa a dor e a sensibilidade, o Dr. Nakanishi explica um pouco mais sobre a anatomia do dente: “A parte que fica exposta acima da gengiva é chamada de coroa, que é revestida pelo esmalte que protege os dentes. Internamente está a raiz, submergida na gengiva. Debaixo dessas estruturas temos a dentina, estrutura repleta de tubos ocos ou canais, que vão até a polpa do dente (o nervo). Quando a dentina fica exposta a estímulos térmicos ou táteis, por exemplo, o nervo é ativado, levando a uma dor breve, mas aguda. No caso da cárie, a sensibilidade ocorre porque essa lesão danifica o esmalte do dente, também deixando a dentina exposta. A diferença entre a gengivite e a cárie é que a cárie causa dores porque ela inflama a polpa do dente”.
Gengivite
O especialista indica que melhor forma de prevenir a gengivite é manter uma higiene bucal diária: “o básico é escovar os dentes três vezes ao dia, ao acordar e após as refeições. Além disso, o uso do fio dental é peça chave da boa higiene bucal, porque ele consegue atingir locais que a escova não alcança e elimina bactérias que ficam nas placas”.
Para pessoas, que já tem dentes sensíveis há muito tempo, a depender do quadro clínico, o Dr. Nakanishi revela que a solução definitiva pode ser cirúrgica: “a maioria das pessoas espera até sentir fortes dores para marcar a consulta, o que é uma atitude arriscada, pois há a possibilidade de a sensibilidade evoluir e se transformar em uma inflamação grave. Nesses casos extremos, a única forma de resolver é com tratamento de canal. Daí é necessário retirar o nervo e matar o dente. Outros tratamentos menos extremos passam pelo enxerto, quando um pedaço do céu da boca (conjuntivo) é colocado debaixo da gengiva para recobrir a retração e a raiz exposta. Também dá para cobrir a área exposta da raiz com uma resina ou recorrer a um laser para aliviar a dor. Há ainda os dessensibilizantes, analgésicos aplicados dentro do consultório”.